Friday, January 15, 2010

Verona,





Monday, January 11, 2010

MINHA VIDA NA ITALIA

PREFACIO



Escrito em 1999, este livro se inspira a fatos que aconteceram na década de 1990 e 1998. Não fala de corrupção italiana, novos partidos políticos, nem da mafia italiana.
Queria escrever um livro sobre a Itália que não fosse uma guia turística, como muitos já conhecem pela cozinha, arte e beleza arquitetônica das cidades.


Mas quis escrever um livro da realidade italiana atual, como vive este povo, seu caracter, qualidades coisas boas e ruins, e as curiosidades deste povo magnifico latino. Enfim um livro que mostrasse aos leitores brasileiros como e viver na Itália hoje, as dificuldades de adaptação a um novo pais, cultura e costumes diferentes e porque não escrever como e viver no 1 mundo como e chamado aos que vivem na Europa entre os países mais ricos e industrializados do mundo.

Conheci a Itália de norte a sul em 8 anos que vivemos numa cidade do Veneto, região norte da Itália. Vivi em Verona cidade de Romeo e Julieta e da famosa Arena, conto minhas impressões de marinheiro de primeira viagem ao pisar na velha Europa em Outubro de 19990, após um inverno no sul do Brasil onde vivia, para enfrentar um outro inverno muito mais rigoroso com temperaturas mais baixa, com neve e altas montanhas.

O leitor descobrira coisas novas de como eu amei, odiei, e descobri uma Itália muito diferente dos livros de historia que ensinam no Brasil. E também o caráter muito diverso do emigrante italiano que ainda vive no Brasil. Meu primeiro contato com esta cultura nova foi, ao casar com uma descendentes de italianos , vindo de uma pequena cidade de 3.30 habitantes chamada de Nova Araca, no interior do Rio Grande do Sul.

Neste livro falo de pessoas italianas normais de todos os níveis sociais que conheci na Itália, seus hábitos, algumas vezes escrevendo seus nomes verdadeiros, outras talvez ocultando-os, porque ainda hoje muitas dessas pessoas são ainda amigos e vivem ali; como seus problemas que enfrentaram são símiles ao meu e não seria justo publica-los seus nomes reais. Mesmo que seja um livro editado no Brasil, muitos tem ainda parentes vivos e algumas vezes não sabem das dificuldades que e deles adaptarem e sofrimentos e humilhações que passam vivendo em outro pais.
Não alterando em nada o conteúdo e objetivo do livro, e apenas uma questão de escolha.

Formado em Jornalismo no Rio Grande do Sul, raconto como foi minha adaptação
nos primeiros meses na Itália. Ao trabalhar de lava-pratos, operários etc . ate finalmente um dia ser tradutor e interprete oficial do Tribunal de Verona e professor de português. Como aventureiro em descobrir a Itália e Europa espero que consiga passar minha experiência para os novos brasileiros que desejam aventurar-se. Agora estou vivendo no Reino Unido na Inglaterra mas este pais e tudo diferente da Itália e quem sabe outro livro contarei sobre esta vida de cigano.
O importante e preparar para viver depois do milênio na Itália pais de muitas coisas símiles ao Brasil e outras muito diferente.














CHEGADA EM MILAO


Quando chegamos no aeroporto, havíamos 4 bolsas e mais de 80 kg de bagagem, o nosso cunhado era o único que falava o dialeto veneto perguntou como devíamos fazer para chegar ao centro ou melhor ir ao albergue da juventude.Imediatamente soube que pegando um ônibus nós iríamos até o centro e era perto do albergue.
Primeira surpresa foi quando nós tivemos que descer no centro de Milão com todas as bolsas e dois carrinhos de levar bagagem, achar o lugar para dormir que parecia não ser tão pertinho, como diziam. Conclusão, foi que acabamos fazendo 500 metros a pé pagando os pecados como se diz, com todas as aquelas bolsas, num caos de trafego. Depois fomos até a metropolitana pegar o metro que levaria a estação do albergue. Nisso começou a chover quando saímos da metropolitana e fomos caminhando até o albergue.
Finalmente chegamos e pudemos descansar um pouquinho. Colocamos nossas bolsas nos armários, fizemos uma ducha todos, e aproveitamos para ir ao centro conhecer a famosa igreja Duomo de Milão, sem medo de nada. Caminhamos no centro até‚ quase meia-noite, jantamos e voltamos para o albergue,deixando no metro uma guia da Itália que havíamos comprado para se informar sobres as cidades, cultura,e todas as informacoes da copa do mundo que havia acontecido poucos meses antes.
Ao chegarmos no albergue encontramos brasileiros, conversamos, trocamos idéias e opiniões; se fala da onde conheceu o que e bonito, o que não e. Nos não sabíamos ainda onde ir, nem que lado, e nem a cidade que gostaríamos de aventurar. Foi quando uma garota brasileira disse que Verona era uma cidade pequena, bonita, bela e era no norte, na região do Veneto. E veio espontaneamente a decisão, partiríamos imediatamente no outro dia para Verona.










PRIMEIRA VIAGEM EM TREM NA ITALIA



Compramos a passagem, embarcamos com todas as bolsas, e éramos todos felizes com a esperança daquela cidade que a única coisa que sabíamos era que tinha a Arena de Verona e a casa de Romeu e Julieta, conseguimos visitar a cabina do maquinista na primeira viagem, sendo a unica e última vez pois e proibido, mas aquele dia pedimos e tivemos sorte de encontrar um maquinista gentil, que deixou um por vez dirigir, quer dizer sentar no seu lugar e fazer de conta que dirigia, pois era tudo automático, a velocidade era mais de 130 Km por hora, parecia um sonho, acabamos todos nós fazendo fotografias. Éramos em quatro, eu, meu cunhado Jandir, minha cunhada Angela e minha esposa Teresa. O trem era muito bonito e confortavel, e andava numa alta velocidade, era uma novidade pois os que existem no Brasil vão ao máximo 60 e quase nem existem mais hoje. Tinha primeira classe e segunda onde se pagava a metade mas a diferença e quase igual, somente os ricos viajam em primeira, pois a diferença de conforto era pouca.











VERONA CHEGADA



Chegamos e mais uma vez, acabamos indo procurar o famoso albergue da juventude, nos ensinaram a comprar a passagem e tomar o ônibus certo, depois descemos na parada do albergue mas tivemos que subir mais ou menos 400 metros a pé os carros das bolsas estavam se entregando, isto e, estavam quebrando pois o peso indicado era colocado três vezes mais e isso fazia com se entortasse de vez em quando , mas nós não éramos preocupados, pois era melhor entortar o carrinho do que as mãos das mulheres, ou as nossas costas. Finalmente subimos a rua e encontramos o albergue, tomamos banho, e acabamos sabendo que trabalhava um brasileiro ali, assim falaríamos nossa língua e pediríamos todas informações com mais precisão.
A Teresa e Angela haviam a cidadania italiana, e o passaporte, eu e Jandir não, nós éramos apenas marido de duas italianas. Acabamos sabendo aos poucos da burocracia italiana era um pouco parecida com a brasileira. Não sei qual e a pior, pois fazem concorrência as duas.





A LINGUA


Eu havia feito 8 horas de italiano em Porto Alegre, e não entendia mais nada, mas a Teresa e Jandir falavam bem o dialeto veneto, aquele que seu bisavô ensinou em 1878 e permaneceu até‚ hoje no sul do Brasil. Na casa de meu sogro em Nova Araca, todos falavam o dialeto, ou melhor na cidade falavam somente este dialeto, e pouco português.
Somente aqueles que estudaram e que falam bem o português.
Angela entendia bem mas fazia um pouco de confusão ao falar, pois não gostava do dialeto e aos poucos aprendeu diretamente a falar italiano como eu, invasoes os outros somente falavam dialeto. Era uma grande alegria ouvir as pessoas que escutavam eles falarem, aquela língua que somente 100 anos atras falavam assim, pois em Itália o dialeto houve mudanças e no Brasil permaneceu assim rico de velhas espressoes e palavras antigas.






BUROCRACIA


Saímos a procura de um apartamento , mas o problema era que como não conhecíamos ninguém, as mulheres eram italianas estrangeiras. Explico melhor, tinham a cidadania mas não tinham residência em Itália, ou não tinham fonte de referência e nem emprego.
Quando conseguia emprego não tinha residência, ou quando arrumava apartamento não tinham emprego e assim não ia nada em frente. Depois nós maridos devíamos fazer o tal de "Permisso de Soggiorno" que acabamos descobrindo era uma Permissão para ficarmos em Itália pois éramos casados com italianas. Disseram que deveríamos ir na Questura , espécie de delegacia local ou polícia federal para estrangeiros. Acabamos acordando cedo para ir pegar o numero da ficha e depois das 10 hs sermos atendidos, s¢ que era uma grande bagunça ali pois tinha estrangeiros de todas as partes do mundo como, Marrocos, Sirilanka, África, Egito, Albânia. Uma confusão de línguas e desordem na fila, moral da história, duas tentativas e nada de numero ou ficha. Uma semana perdida sem fazer nenhum documento.









ALBERGUE DA JUVENTUDE


Pedimos autorização ao Sr. Prof. diretor do albergue e responsável pois ele deixaria nós ficarmos até‚ conseguirmos o apartamento, pois as mulheres eram italianas e acabamos pedindo a uma brasileira que conhecemos , ela veio de Caserta do Sul, perto de Napoles, vinha tentar a sorte no Norte pois dizia que no sul não tinha trabalho, ela era a tradutora, pois falava bem o italiano.
Ela também gostaria de nos ajudar pois se arrumássemos apartamento iria vir morar junto com nós os primeiros meses, ela não pagava nada no albergue "ostello" pois a assistência social havia falado com os responsáveis e era uma moça bonita onde um assessor lhe havia dado uma ajuda, talvez pensava em paquerar no futuro, mas ela era esperta e utilizava o charme somente para conseguir ir em frente e era muito inteligente e seria, nada mais do que uma moça bonita e honesta. Um dia eu pedi ao meu cunhado perguntar num banco se podíamos colocar o dinheiro numa conta para não carregarmos juntos, ele falando o seu dialeto acabou entendendo que não poderíamos, e acabamos ficando com o dinheiro sempre no corpo, colocava quando dormia dentro das cuecas, ou embaixo do travesseiro, ela dizia que ninguém tirava dele, eu não queria ficar com o dinheiro pois quando dormia não via mais nada.
Aconteceu que um dia de madrugada me acordei e vi um estrangeiro que falava inglês ao lado de sua cama,havia o travesseiro na cabeça, pois meu cunhado roncava muito alto naquela sala de 40 pessoas. O pobre coitado não conseguia dormir com aquele barulho que parecia um avião, então eu fiz um gesto para ele, que deveria empurra-lo com as malas quando fizesse assim , pois ele trocaria de posição e acabaria dormindo sem roncar. Ele sorriu e fez com a cabeça que entendeu como deveria fazer, e assim dormiu tranqüilo as outras noites.










BANCO


Um dia procurando apartamento acabei pedindo a Moca brasileira de perguntar a caixa de um banco se poderíamos depositar o dinheiro lá, e veio a resposta que sim , deveríamos fazer uma caderneta do banco ,então ficamos mais tranqüilos, pois tínhamos medo que nos roubassem e depois não teríamos nem um tostao. A melhor notícia foi que a senhora nos falou de uma brasileira que morava ali perto, deu o endereço para nós pedirmos informação e ajuda.
Fomos imediatamente na sua casa, tinha seu filho de nome Sérgio,muito gentil,preparou um café‚ e disse para esperarmos sua mãe que chegaria logo. Meia hora depois chegou Helena era uma brasileira que já morava 8 anos em Itália,nos deu algumas informacoes, nos dissemos que havíamos problemas para fazer aquele documento chamado "Permisso de Soggiorno", e descobrimos que eu tinha o mesmo seu sobrenome que como todos os brasileiros tem , ou seja éramos" da Silva" os dois, então ela disse que conhecia um inspetor na questura de Verona e diria que eu era uma primo apenas chegado do Brasil e se ele poderia fazer alguma coisa para nos. Também deu um numero de um imobiliária onde teria alugado seu apartamento e com suas referencias e mentindo que eu era primo dela poderia alugar um apartamento para nos.
Entao dormimos tranqüilos e com mais esperanças, e pela primeira vez acabamos de encontrar uma brasileira do nosso país.










QUESTURA



Nós havíamos já visitado 3 vezes a Questura, para conseguir o documento, o problema que muitos estrangeiros dormiam nos carros defronte a delegacia e quando chegava as 6.h da manhã"pulavam a fila na frente de nós que tínhamos chegados as 4 e meia.
Eles diziam e falavam em francês que estavam ali desde a noite ,mas não era verdade. Mas eu e meu cunhado éramos calmos, e terminávamos sem numero, tendo que retornar dois dias depois.Um dia nós se organizamos,cada um tinha as maos nas costas do outro, em fila indiana ‚ procurávamos de não deixar entrar os penetras que saltavam o ferro da fila e só faziam confusão.
Teve até uma vez que os policiais pegaram os bastões para a calmar o animo dos mais
agitados. Finalmente conseguimos ir falar com o inspetor Leonel que esperava, uma homem serio, carrancudo, e que não confiava muito ao dizermos que éramos casados com
italianas. Pois pode ser que ele já tinha visto diversos casos de falsos casamentos, onde por dinheiro e para arrumarem a documentação e legalizar as pessoas haviam feito acordos com alguns italianos e casavam por dinheiro.
Nos havíamos trazido a cópia da nossa certidão de matrimônio do Brasil, mas ele não aceitou pois disse que era uma fotocópia e não provava nada.
Fomos a Milão e pedimos e pagamos 70 mil liras para o cônsul brasileiro traduzir e assinar o documento dizendo que era verdadeiro, mas não serviu a nada. O
homem era irredutível, ou trazíamos uma outra original e tradução do Brasil com a assinatura do Consulado Italiano em Porto Alegre, e nao queria ver mais nós na sua frente. Estranho que o Consulado tinha falado que bastava aquele documento e todos os documentos seriam legalizados e fáceis na Itália, uma grande mentira ou ignorância dos funcionários do consulado italiano em Porto Alegre. Depois pedimos a um irmão de um de minha igreja conseguir a Roma a certidão de casamento que era registrada no livro de casamento da Comune de Roma,levamos também este documento e acabamos saindo quase expulso da Questura, pois ele disse que levássemos aquela certidão que pediu ou rua. Também perguntou se havíamos entendido, e depois blasfemou como‚normal aos italianos do norte.









APARTAMENTO



A senhora da imobiliária mostrou diversos apartamentos,mas no começo o problema era sempre o mesmo discurso, vocês são italianos mas não tem trabalho, e nós dizendo que sem um apartamento não conseguíamos o trabalho e que gostaríamos de falar com o proprietário e explicar a situação. Mas com esta desculpa ela conseguia pedir o que queria de dinheiro.
No fim conseguimos um apartamento na Praça Santo Espirito ,no centro por 850 mil liras que correspondiam 600 dólares, como éramos em 4 saía 150 dólares para cada um, tinha mais despesas de condomínio e telefone, luz,gaz etc.Enfim o aluguel não era mais problema, mas no dia de entregar a chave, a dona disse que era imobiliado o apartamento, coisa que não era verdade; pois ele tinha o mínimo de móveis possíveis e assim os italianos não honestos conseguem fazer o contrato que a cada ano podem aumentar ou pedir para você ir embora, ao contrario se ‚ vazio devem fazer o contrato por 4 anos e não fácil tirar você depois.
Teve um fato muito gracioso,pois a dona disse que o fogão era bom, mas vimos o estado e parecia um velho fogão que talvez eles haviam pego em estrada e colocado dentro da casa, Teresa então pediu para a senhora experimentar o forno, e ela olhou para o seu genro e disse, mas quem sabe ‚ melhor comprar um novo, e imediatamente ele saiu e comprou um fogão novo barato. Tínhamos adiantado como caução 3 valores do aluguel, mais um para imobiliária que conseguiu o apartamento. Eles ganham dinheiro somente por terem sido intermediário no negocio. A lei e assim, e aos poucos a dona trazia um móvel seu para arredar a casa, cada mês que recebia talvez comprava um novo e trazia o velho, e ia imobiliando o apartamento.










IGREJA



Como eu era protestante no Brasil, ou melhor sou da Assembléia de Deus e também minha mulher que deixou de ser católica, procurávamos nossa religião em Itália.
Tinha somente meus cunhados católicos que haviam milhares de igrejas para irem rezarem. Mas cada dia que devíamos procurar emprego o meu cunhado ficava com raiva dos padres, pois eles preferiam ajudar um estrangeiro de outro país, sem relação com a Itália, do que ajudar um descendente casado com uma brasileira e branco. Brincando nós dizíamos que eles gostam mais dos negros,do que brancos.Pois se interessavam e arrumavam tudo emprego,casa para os negros, que não faziam nem filas.
Ainda hoje a igreja católica na Itália e potente,e como os deputados e parlamentares, tem um poder enorme na política e administração dos governos.
Eu acabei descobrindo uma igreja evangélica, fui num culto com minha esposa, mas achei eles muito frios de fé sem a presença do espirito santo como nós protestantes dizemos, Não era a minha igreja aquela, no outro dia era em crise pois não gostaria de acabar indo rezar numa igreja católica, que para mim são frias, grandes, e tem um cheiro um desagradável.
Procurei no guia de telefone uma outra igreja, foi quando descobri o nome" Assembleia di Dio in Italia" pedi para minha esposa ligar e era verdade tinha uma igreja igual a da minha fé falamos com uma moça Felipina no telefone que também não falava bem o italiano, ou melhor se entendia que não era do local. Perguntamos o endereço e o número do ônibus e acabamos indo na mesma noite ao culto. Foi uma alegria,pois fui apresentado como irmão, e teria também uma igreja com mais de 200 irmaos, era realizado espiritualmente, graças a Deus.










DOCUMENTOS



No Brasil nossos familiares tiveram que traduzir as certidões de casamentos e levar ao consulado italiano em Porto Alegre e expedirem para nós, depois de muitas telefonemas internacionais ao Consulado que dava uma informação e a Questura que queria no modo deles, e depois de dois meses chegou os papéis, levamos urgentemente ao inspetor Leonel, ele disse que no sábado levaria na casa de minha prima o documento, e finalmente conseguimos provar a ele que éramos realmente casados com duas italianas; não foi preciso esperar dois meses como os outros e até‚ aqui o Brasil‚ igual a Itália, pois se você conhece alguém tudo se resolve rapidamente e tratado melhor.










RESIDENCIA


Na Itália existe um controle da Comune da cidade que sabem onde você mora, quantas pessoas moram em tua casa, seja a primeira vez ou cada vez que você muda de casa vem um "vigile" que vê a casa, os quartos e se‚ verdade que você mora ali, geralmente todos devem estarem esperando, e depois de uma semana os papeis estão na Comune onde você poder fazer a carteira de identidade, e o primeiro documento que se faz sem nenhum problema somente com o passaporte ‚ o "Códice Fiscale" parece mais ou menos o nosso CPF, isto ee fácil pois se você trabalha e faz qualquer trabalho, no recibo vem o seu numero e assim o governo controla todas as taxas e impostos.
Depois fizeram a "Tessera Sanitária", era como a carteira do INPS mas que te garante assistência a um medico que você escolhe e que tenha o consultório perto da onde você mora. E também fizeram o "Libretto Sanitario" que ee o livrinho para poder trabalhar em restaurantes e lugares onde deve existir higiene publica, como por exemplo: fabricas de doces, pandoros etc.
Mas depois que tínhamos o "Permisso de Soggiorno:"fomos fazer a carteira de identidade, mas ganhamos um grande carimbo dizendo que não era válida para o exterior, isto quer dizer que somos estrangeiros e com validade de 2 anos, enquanto que os italianos tem validade de 5 anos e podem ir em todos os países da Comunidade Europa‚ia sem passaporte. Tambem fizemos todos os outros documentos como quando fiz o Libretto Sanitario no dia do meu aniversário dia 13 de dezembro e a funcionária da Comune não poderia dar me ainda, mas como disse que era um jornalista e era o dia do aniversário e serviria para trabalhar num restaurante para escrever um artigo, ela deu-me. Dei um carteiraco como se chama no Brasil.










EMPREGO


Nossa amiga arrumou um emprego para minha mulher de lava-pratos num restaurante e pizzeria chamado" Du de Coppe", o trabalho era para ela; mas como não quis pois era muito duro este emprego então acabou entrando depois a Helena como "Cameriere" quer dizer garçonete. Teve um posto para mim fazer carne na grelha, como era gaúcho habituado a churrasco não tive dificuldades. Eu não sabia nada dos nomes de verduras pois tinha fazer as saladas mas Helena me falava sempre em português e entendia rapidamente. Depois fiz uma folha traduzindo as verduras como por exemplo: pomodoro-tomate, carote-cenoura, insalata verde- alface, cipola-cebola, spinacci-espinafre, etc.
Eu não trabalhava com a carteira assinada, pois alguns italianos se aproveitam quando fazem o primeiro mês e a experiência com você, pagam menos,mas conforme o provérbio," era melhor um passarinho na mão , do que dois voando.
Agüentei 1 mês e deixei o emprego enquanto Teresa era tudo legalizado e ganhava 1.500 mil liras mais de 1000 dólares ao mês. Minha cunhada Angela conseguiu uma vizinha para passar roupas, e fazer limpezas, no começo era difícil para ela que sempre teve um bom emprego no Brasil de secretária em grandes indústrias.
Mas tínhamos que se adaptar ao primeiro mundo como era chamado no Brasil.










MENTIROSO



Meu cunhado Jandir foi na Comune fazer "o libretto sanitário" para também procurar um emprego em restaurante, e uma empregada disse que deveria esperar que a residência chegasse do vigile e demoraria uns 15 dias, ai ele falou como era que o seu cunhado que era eu tinha feito sem esperar todo este tempo necessário, então a empregada chamou ele de mentiroso. Mas Jandir chamou seu chefe e falou o que tinha acontecido ele disse que não era possível, então os dois chamaram ele de mentiroso e meu cunhado propôs que se levasse o meu libretto eles faziam também para ele.
No fim eles disseram que sim, então meu cunhado pediu a minha eu fiz uma fotocópia e ele foi furioso na Comune e mostrou que não era mentiroso, então eles acabaram fazendo pois haviam prometido mesmo que haviam errado ao fazer para mim.
No fim nós dois tínhamos os documentos, também para fazer o"Libretto de Lavoro", ou seja a carteira do trabalho foi a única vez que um padre nos ajudou pois falou com os funcionários do "Ufficio de Colocamento" espécie de Ministério do Trabalho. Explicou que nós éramos casados com duas italianas e estávamos esperando apenas o documento do Brasil, que não éramos ilegais, e tínhamos já arrumado trabalho, para concluir esta vez primeiro fez meu cunhado a carteira do trabalho depois fui eu que pedi, mas me negaram, então disse que somente porque meu cunhado tinha ido com um padre da igreja católica eles fizeram ,mas que não era justo fazer distinção de pessoas e religião. Terminaram fazendo também para mim. Chegamos a conclusão do que a Itália era igual ao Brasil pois também existe o jeitinho brasileiro que sempre se arruma tudo.










A CIDADE DE VERONA



Uma cidade pequena de mais ou menos 270 mil habitantes,com muito turismo e indústrias. Tem a famosa casa de Giuleta onde existe um monumento de bronze que todos colocam e fazem fotos com as mãos no braço e no seio da pobre Giuletta, dizem que da sorte.
Depois todos sobem na sacada da casa e fazem fotos, pois ali teria subido Romeu para fazer amor com Giuletta e continua a história do famoso e imortal Willian Shakespeare.
Também a Arena de Verona monumento conservado muito bem até‚ hoje, ali onde os cristãos eram devorados pelos leões defronte ao publico sentado que aplaudiam este
tipo de sacrifício e festas.
Hoje na Arena tem apenas no verão os grandes espetáculos de ópera como:Aida, Turandot Carmem, Rigoletto...
Existe o famoso e velho teatro romano e o bonito Castelvecchio, ou seja Castelo Velho onde Mussolini governou por um período, e também o paredão onde mandou matar o seu genro casado com sua filha Ana que nunca perdoou o pai Benito Mussolini que chamou ele de traidor.











PRIMEIRO ANIVERSARIO




No dia do meu aniversario dia 13 de dezembro, minha esposa já trabalhava no restaurante, e passamos numa loja onde vimos uma televisão colorida muito boa, minha esposa perguntou o preço era 600 mil liras, mais ou menos 400 dólares. Apresentou somente a carteira de identidade onde dizia que era italiana, e mesmo sem contra-cheque levamos imediatamente para casa uma televisão colorida nova, pois na casa havia uma pequena televisão preto e branco emprestada da uma amiga Felipina. Foi uma alegria naquele dia, e também se comemorava o dia de Santa Lucia em Itália. Seria o nosso natal pois aquele dia as crianças recebem os presentes. E fomos jantar no restaurante onde minha esposa trabalhava ,todos nós quatro mais o Sérgio filho
de Helena que se tornou um amigo.










NATAL



O natal passamos em casa, compramos panetone, uma champanha e alguns doces, era uma noite muito fria, diversa daquela que éramos acostumados a viver no Brasil, compramos alguns presentes e depois passeamos na praça central chamada "Piazza Bra". Também vimos um espetáculo de Pavarotti na televisão e ligamos para os parentes no Brasil onde falamos com quase todos eles.








CARTAS




Os primeiros dias que entramos em nossa nova casa, ou seja apenas tínhamos alugado e não dormíamos mais no albergue da juventude, esperávamos com ânsia as primeiras cartas porque mandamos cartões postais aos inúmeros amigos que deixamos no Brasil. Escrevemos o dia que expedimos numa agenda e quando chegou a primeira carta de resposta que temos até‚ hoje de recordação.
Durante um tempo fazíamos assim, continuamos a escrever aos que nós escreveram e aos poucos ficamos somente com os verdadeiros amigos e familiares que respondiam.
Mas a cada fim de ano chegava cartões de velhos amigos que nos escreviam para desejar um Bom Natal e Ano Novo.
A primeira carta foi de minha irmã, Claida e o cunhado Mário, saiu dia 17.11.90 e chegou dia 28, a segunda foi de minha mãe Julia que saiu dia 20.11.90 e chegou dia 29,a terceira de uma amiga Rosa e Auro saiu dia 20.11. e chegou dia 29, a quarta de meu irmão gêmeo que saiu dia 23.11.90 e chegou dia 04.12; durante um ano nós sempre escrevemos numa agenda mas depois cansamos de tanto escrever chegadas e partidas que paramos de fazer este controle.
Hoje nós geralmente respondemos … aqueles que nos escrevem deixando as cartas num local até‚ serem respondidas e depois vai para a caixa de correspondência. E temos também dentro do guarda-roupa uma lista de aniversários de parentes e amigos, para mandarmos cartão de felicidades no seu aniversário.










AMIGOS



Tivemos por primeiros amigos a Helena com seu filho, também um jovem da igreja que se chama Francesco Marinaro,e outro que era Antonio Femina, pois como não havíamos carro eles nos buscavam a casa todos os dias do culto e todas as noites para sairmos juntos, depois nos traziam de volta para casa. Era uma maneira de conhecer os lugares e as pessoas, os costumes, comidas etc. Também através de uma jornalista de minha igreja chamada Paola Bozzini, conhecemos seu colega do Gazettino Paolo Gabrielli que conhecia o Brasil e tinha parentes em Curitiba. Ele tinha muitas coisas que pensava diverso dos italianos, pois viveu muitos anos quando jovem em Londres, Alemanha e passeava muito viajando. Estranho mas os italianos que não viajam tem uma cultura muito diversa daqueles que viveram no exterior. Parecem que tem medo de perder aquilo que tem, como perder o emprego, e todo este conforto que a Itália somente conseguiu nos últimos 20 anos. Também conhecemos um sociólogo que viveu 6 meses no Brasil e falava muito bem o português, era Fábio Arcangeli.
Uma curiosidade que quando ele morava junto com o jornalista Paolo tinham escrito na campainha da sua casa o seguinte nome ARCANGELLI-GABRIELLI e as pessoas que passavam pensavam que era uma gozação pois onde se viu ver o nome de um anjo na porta de uma casa, mas o carteiro sabia que ali moravam duas pessoas e por isso tinha aquele nome escrito.










PARENTES ITALIANOS- UMA MANHA DE REI



Um dia fomos visitar os parentes italianos eu e minha esposa, pois Angela não queria saber de ir porque no Brasil sua família foi explorada por seu tio mais velho por muitos anos. Tinha as suas razões, eu também pensava assim.
Nós partimos para Piombino Dese uma pequena cidade de Padova, fomos muito bem recebido por Eugenio Perin que fez um passeio na pequena cidade e levou para conhecer os outros parentes. Falamos que nós tínhamos estabelecidos em Verona e fomos visitá-los para saber da onde tinha saído o bisavô da Itália. Como eu era formado em jornalismo e também Teresa havia feito a faculdade, faltando apenas um exame que ela não passou e que no futuro recontarei.
Na Itália uma pessoa com a Universidade são quase sempre chamadas de Doutor‚ uma mania ou um costume que não entendi até hoje, enquanto que no Brasil nós chamamos de doutor apenas os médicos, dentistas, psicólogos, e advogados. Como também não entendo porque existe num aeroporto e nas cidades 4 tipo de policiais, como: Carabinieri, Vigile Urbano, Polizia Municipale, e Finanza; não somente eu mas também qualquer jogador brasileiro que joga na Itália não entendi isso.
Na manhã seguinte foi uma surpresa escutar que tinha alguém batendo na nossa porta, a Teresa acendeu a luz e abriu, era a senhora Maria esposa de Eugênio que trouxe o café‚ na cama, nos dissemos que não aceitaríamos, mas a insistência foi grande que acabamos aceitando constrangidos. Eles gostaram de agradarem nós, mas o problema maior e mais importante não era um café‚na cama, mas talvez ajudar em perguntar se precisávamos de alguma coisa em Verona ou para arrumar um apartamento, ou emprego. Pois não havíamos ainda arrumado casa até‚ aquele dia e um irmão de Eugênio que
foi prefeito de Castagnaro uma cidade da província de Verona, Giovanni Perin conhecia e tinha um apartamentona cidade, mas eles talvez com medo de alugar para parentes o apartamento acharam melhor indicar qualquer imobiliária para nos. Também tentou um dia arrumar uma imobiliária, mas acabamos decidindo que seria melhor se nós conseguíssemos sozinhos.










FIM DE ANO



Nosso primeiro ano novo trabalhamos no restaurante até‚a 1 hora da madrugada,Teresa como lava-pratos, eu como ajudante do cozinheiro ou "aiuto cuoco" como era chamado, e Helena como garçonete também tinha uma Argentina que fazia a barista chamada Carina. Fim do trabalho e festas fomos visitar a casa do novo amigo Paolo Gabrielli, chegando lá tinha um seu colega jornalista Andrea Cavalcanti e um sobrinho de seu cunhado alemão e mais uma outra colega. Brindamos com champanhe e doces até altas horas da madrugada.
Assim entramos o ano novo com alegria, mas meu cunhado não veio pois ele começava a se preocupar porque não tinha emprego ainda,eu trabalhava sem assinar a carteira do trabalho e ao menos me contentava porque as mulheres eram já estabelecidas. Angela ganhava seu dinheiro com as limpezas e estava começando aos poucos a habituar a nova vida italiana.









CRISE E SAUDADE



Meu cunhado vivia muito ansioso e com raiva dos italianos, pois não conseguia emprego em nenhum lugar. Os padres da igreja católica não arrumavam nada para ele, pois ele disse que como era de cor branca e casado com uma italiana, os padres deixavam que se virasse sozinho e davam uma ajuda aos africanos ou marroquinos. Então ele bebia muito de noite e começava a chorar ou blasfemava contra o povo. Não adiantava nós dizermos que devia estar tranqüilo pois tanto casa e trabalho as mulheres já haviam conseguido. Eu curtia a vida passeando com os jovens de minha igreja,conhecendo e indo em cidades vizinhas. Enquanto que ele fazia uma confusão todos os dias dizendo que queria tornar para seu país e que tinha o trabalho garantido. Era verdade pois no Brasil ele era empregado da Secretaria da Fazenda do Rio Grande do Sul e tinha pedido por dois anos licença prêmio de afastamento do trabalho sem remuneração. Mas a paciência era importante naquela ocasião e não deveria se desesperar Jandir,somente depois de alguns meses e com trabalho ele acabou contando os dias para o seu retorno no Brasil.










AUTOBUS



Nos ônibus na Itália não existem cobradores, pois você compra a passagem de "autobus" como são chamados, e quando entra existe uma maquina onde você coloca o bilhete e marca a hora e minutos da entrada. Cada cidadão compra e marca a passagem sem controle. Algumas vezes entra um fiscal que se chama "Controlore" e pede as passagens para olhar, caso você não marcou ele faz uma multa que ‚ mais ou menos 50 vezes o preço da passagem, ee por isso ‚ melhor sempre marcar a passagem pois não se sabe nunca quando vão chegar eles. Se te pegam sem passagem também ee obrigado a descer e assinar a multa que pode chegar em tua casa pelo correio depois, mas o vexame maior era a vergonha do cidadão ser flagrado sem bilhete. Os bilhetes você compra num "Tabacaio" onde vendem também cigarros, ou nas estações centrais onde tem as máquinas automáticas de passagens. Os ônibus geralmente funcionam até as 20.30 depois são poucos as linhas, e ainda fica mais difícil depois da meia noite, pois quase toda a população tem carro ou uma "machina "como são chamadas.
Viajar para as pequenas cidades do interior de ônibus ee sempre difícil, o melhor era pegar um trem, pois a ferrovia ee coligada com quase todas as cidades italianas. Você deve sempre ter passagens dentro da bolsa para os horários que estão fechados os negócios onde se compra o bilhete. Os ônibus durante o inverno tem calefação e são sempre quentinho, somente quando você vai na rua que e frio.











ESTACAO DE TREM



A maioria de viagens são feitas por trem, rápidos e quase sempre pontuais, nas estações de trens existe um mapa de toda a ferrovia italiana e internacional onde se pode saber todo os tipos de informações somente colocando o dedo na cidade onde está você deseja ir, ou o seu nome do destino .Depois coloque o dedo "Stampa" ou seja imprime uma folha com todas as informações possíveis: horários, preço da passagem, tempo do percurso, se ee direto ou não. Também o setor de bagagens nas estações era cômodo quando você vai passear todo o dia numa cidade e depois deve prosseguir viagem a noite, ee melhor pagar uma pequena taxa e deixar ali a bagagem pegar a mala antes de viajar sem precisar estar carregando no passeio.










BUROCRACIA



Não ee fácil entender a burocracia italiana que ‚ 100 vezes pior que no Brasil pois para fazer um documento você precisa de um outro. Mas se não tem ainda o primeiro documento como poder fazer o segundo. Somente com muita paciência e calma, curtindo a arte e com tempo conseguir ter a documentação em dia.
Depois você geralmente tem de pagar muitas taxas que existe na lei italiana como por exemplo: para "patente" que ee a carteira de motorista que deve pagar a cada ano mais ou menos 30 dólares de taxa, ou a carteira de identidade que a cada cinco anos você deve fazer uma nova e pagar as taxas que existem. Existe também as trocas de endereços na carteira de motorista ou documentos do carro etc. Se o Brasil tivesse metade de taxas que pagam em Itália já haveria resolvido metade de problemas sociais e da fome.










EMPREGO MELEGATTI-PANDOROS E PANETONES




Um amigo da igreja que ee o diretor responsável dos empregados de uma fábrica que faz pandoros, e panetones chamada Melegatti, conseguiu que eu entrasse como operário. Mas devido a burocracia, eu tive que ser empregado primeiro em um bar como barista, por uma semana, depois fiz uma transferência direta de emprego, indo para a fabrica.
Eram mais ou menos 500 empregados, e eu fui colocado no setor de massa, onde colocava a num recipiente de aço de mais ou menos 200 kg de massa numa máquina que depois levantava e colocava dentro dela,era tudo automático o trabalho depois do trabalho manual , e aos poucos esta maquina abria e fazia um panetone por vez, mas tinha sempre uma mulher em frente que controlava o peso se era correto, pois ela regulava a balança com um painel eletrônico e digital o peso de cada panetone. Eram 4 maquinas com uma mulher diferente em cada uma, eu tinha a função de encher as suas máquinas, e não deixar nunca se esvaziar. Pois era uma linha de produção, ou seja, tinham mais 4 mulheres que colocavam na forma do panetone, depois em cima de um carro, e uma operaria que levava para dentro da sala de levitação, onde ficava geralmente 24 horas e depois ia para o forno. Eu aprendi rapidamente e juntamente com ou rapaz éramos os únicos homens no meio de 20 mulheres, trabalhei até a Páscoa. A fábrica funciona durante dois períodos ,de fevereiro até a páscoa e de setembro até o natal. Era com o contrato a tempo determinado. Uma vez que você entra poder retornar na próxima campanha, pois tem o direito de precedência por já haver trabalhado na empresa.











AIUTO PIAZZAIOLO -LABORATORIO




Em maio fui contratado para trabalhar numa pequena pastelaria, deveria fritar durante 6 horas quase sempre pasteis e cuidar de pequenas pizzas no forno, eram chamados "pancerotti e pizzetine". Mas o laboratório do italiano tinha sido fechado pela higiene pois não tinha a limpeza necessária, e o dono trabalhava no jardim de sua irmã, numa mansão em um bairro periférico.
Trabalhava eu e um jovem mais moço do que eu, e o dono chamado Giancarlo distribuía e vendia aquilo que fazíamos. Mas um manhã eu disse para o dono que o tempo era de chuva, e que deveríamos fazer uma cobertura de plástica ou lona, pois se chovesse, nos se molharíamos, ele para não perder tempo em fazer a cobertura, disse que não choveria. Então depois de duas horas que ele saiu, começou a chover, como eu ainda não tinha carteira assinada, e se ficasse doente com gripe ou febre e se não trabalhasse depois não receberia nada.
A sua irmã viu que chovia e não havia trazido nem uma capa, guarda chuva ou qualquer coisa para me abrigar. Eu 5 minutos depois disse a ela que chamasse seu irmão pelo telefone, pois eu iria embora pois se ficasse doente não tinha direito a nada, mas somente agora ela quis dar-me um guarda-sol para abrigar da chuva, eu falei que não ,pois era tarde demais, e se seu irmão tivesse assinado minha carteira de trabalho eu ficaria ali, mas já era 1 mês que trabalhava irregular. Nos próximos dias o dono logo tratou de colocar os documentos em dia. Mas o Giancarlo,era um grande embrulhador, faltava dinheiro no contracheque no fim do mês, ele sempre queria pagar a menos, e enganar-te, não era uma pessoa honesta, pois até‚ mesmo o óleo de fritar ele economizava, comprava graxa de porco, e usava até‚ ficar preto com o risco de transmitir câncer ou doença aos que comiam aquilo que fazíamos. Então não era contente e depois de dois meses pedi para sair, pois se acontecesse alguma denúncia da saúde eu correria de ser processado somente por fazer um trabalho que poderia causar dano a população.
Um fato interessante aconteceu um dia que o patrão saiu para fazer as entregas, eu e o rapaz que era pizzaiolo, resolvemos fazer uma pizza para comermos.
Aproveitamos e fizemos uma grande pizza, pois éramos da 5 horas da manhã sempre trabalhando sem poder comer nada. Então meu colega caprichou na pizza e fez uma com
cogumelos, e outros coisas, quando de repente, abre o portão da fábrica e retorna o patrão antes da hora que normalmente voltava, eu tirei a cobertura da pizza e coloquei nos bolsos, pois se o patrão visse ficaria furioso, meu amigo colocou-a no forno imediatamente e ficamos quietos como se nada tivesse acontecido. O dono veio buscar mais algumas pizzetine e pancerotti prontos para levar junto, mas ele estava sempre cuidando tudo e economizando o máximo, pegando até a massa que caía no chão e colocava junto da outra. Então ele passava perto do forno e pegava as coisas que faltava, nós quietos como se nada tivesse acontecido, quando de repente ele sente o cheiro do forno que era desligado mas ainda quente e abre o forno, vê a pizza grande e bonita ele não disse nada pois viu que nao dava nada para nós comermos na hora do café‚, a partir daquele dia comprava um pãozinho para cada um pois assim nós comeríamos junto com ele e não faríamos nada depois. Dois meses mais tarde eu pedi para sair e também o rapaz pediria para sair do laboratório como era chamado.

Tuesday, November 27, 2007

Minha vida na Itália (3)

Mesmo que seja publicado no futuro um livro no Brasil, muitos ainda tem parentes vivos e algumas vezes nao sabem das dificuldades que temos para adptarem e humilhacoes e sofrimentos que passam vivendo em outro pais. Nao alterando em nada o conteudo e obejetivo do livro e historia mas apenas e uma questao de escolha pessoamente minha.

Formado em Jornalismo no Rio Grande do Sul, raconto como foi minha adaptacao nos primeiros meses na Italia. Ao trabalhar de lava-pratos, operario ate um dia finalmente ser tradutor e interprete ofical do Tribunal de Verona e professor de portugues.

Como aventureiro em decobrir a Italia e Europa espero que consiga passar minha experiencia para os novos brasileiros que desejam aventurar-se. Digo a todos os sonhadores e cansados do Brasil, peguem suas mochilas...

Sunday, November 25, 2007

Minha vida na Itália (2)


Conheci a Itália de norte a sul nos 8 anos que moramos numa cidade do Veneto, região norte da Itália. Vivemos em Verona, cidade de Romeu e Julieta e da famosa Arena. Conto minhas impressões de marinheiro de primeira viagem ao pisar na velha Europa, em Outubro de 1990, após um inverno no sul do Brasil onde vivia, para enfrentar um outro inverno muito mais rigoroso com temperaturas mais baixas, com neve e altas montanhas.

O leitor descobrirá coisa novas de como eu amei, odiei, e descobri uma Itália muito diferente da dos livros de historia no Brasil. E também o carácter muito diferente do emigrante italiano que ainda vive no Brasil. Meu primeiro contato com esta nova cultura foi ao casar com uma descendentes de italianos, vinda de uma pequena cidade de 3.000 habitantes chamada de Nova Araçá, no interior do Rio Grande do Sul.

Neste livro falo de pessoas italianas normais de todos os níveis sociais que conheci na Itália, seus hábitos, algumas vezes escrevendo seus nomes verdadeiros, outras talvez ocultando-os, porque ainda hoje muitas dessas pessoas são ainda amigos e vivem ali; como seus problemas que enfrentaram são símiles ao meu e sera justo publica-los seus nomes reais. Mesmo que seja um livro editado no Brasil, muitos tem ainda parentes vivos e algumas vezes não sabem das dificuldades que e deles adaptarem e sofrimentos e humilhações que passam vivendo em outro pais. Não alterando em nada o conteúdo e objetivo do livro, em mostrar a realidade que enfrentamos num desafio pra nossa vida.

Formado em Jornalismo no Rio Grande do Sul, reconto como foi minha adaptacao nos primeiros meses na Italia. Ao trabalhar de lava-pratos, operario ate um dia finalmente ser tradutor e interprete ofical do Tribunal de Verona e professor de portugues.

Como aventureiro em decobrir a Italia e Europa espero que consiga passar minha experiencia para os novos brasileiros que desejam aventurar-se. Digo a todos os sonhadores e cansados do Brasil, peguem suas mochilas, economias e criem coragem e viagem para o exterior, aprendam as coisas boas e diferentes e vejam quantas semelhancas que existem em qualquer pais que viverem e comparem depois.

Voces vao crescer e aprender que o mundo e pequeno e grande aos mesmo tempo. agora estou vivendo no Reino Unido na Inglaterra, mas este pais e tudo diferente da Italia e quem sabe mais tarde depois de terminar minha historia de vivendo em Italia contarei esta vida de cigano. O importante e preparar para viver agora na Italia pais de muitas coisas similes ao Brasil e outras completamente diferentes.

Minha vida na Itália

Escrito em 1999 e 2000, esta história se inspira em fatos que aconteceram na década de 1990. Não fala de corrupcão italiana, novos partidos políticos nem da Máfia Italiana.



Queria escrever um livro sobre a a Itália que não fosse um guia turístico, como muitos já conhecem pela cozinha, arte e beleza arquitetônica das cidades.


Mas sim um livro da minha experiência e como é a realidade italiana atual; como vive este povo, suas características, qualidades boas e ruins, e as curiosidades deste magnifico povo latino.

Enfim, um livro que mostrasse aos leitores brasileiros como viver na Itália hoje, as dificuldades de adaptação a um novo país, cultura e costumes diferentes. E por que não escrever sobre como viver no primeiro mundo - como é chamado aos que vivem entre os países mais ricos e industrializado do mundo.